quinta-feira, 30 de junho de 2011

Leituras virtuais 16

The Dumbing-Down of America

Patrick J. Buchanan aborda a decadência dos estudantes americanos e alerta para as consequências disto no futuro.

Personalismo: a doença infantil do oposicionismo
A oposição tem de mostrar as caras no debate público, afirma Magno Karl.

Os Quatro Nâo
Ana Maria Bueno postou um interessante texto, de autor desconhecido, sobre as razões do materialismo contemporâneo.

sábado, 25 de junho de 2011

Leituras Virtuais 15

Uma geração de predadores
Olavo de Carvalho fala dos responsáveis pelos descalabros da sociedade brasileira.

Em torno da causa gay
Ruy Fabiano mostra como a causa gay visa criar privilégios aos homossexuais.

Leitura ideológica, guerra total
Pedro Sette-Câmara expõe como o clima ideológico atual cria uma espécie de estado de guerra permanente.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Línguas

(Crônica)

Desde os meus 11 anos de idade, estudo línguas estrangeiras. Assim como os outros de minha geração, o primeiro idioma alienígena que estudei foi o inglês. Mal havia ingressado na 5ª série, meus pais puseram-me num curso de inglês. Passei a conhecer o idioma anglo-saxão por duas vias: o curso privado e o colégio, já que a matéria também era ensinada a partir daquela série. Atualmente, crianças da 1ª série já se iniciam em suas escolas na língua de Shakespeare.

Naquela época eu muito pouco me importava em aprender inglês. Era ainda um tanto criança e sentia-me subitamente atirado a uma nova realidade de responsabilidades e cobranças à qual não queria e nem me sentia preparado. Em conseqüência meu desempenho nos primeiros anos do curso não foi nada laudatório.

Com o tempo, as coisas mudaram. Conheci cada vez mais os meandros da língua e isso me mostrou sua utilidade, beleza e graça. Eu lia cada vez mais para buscar o conhecimento e fui percebendo que idiomas são como bilhetes de viagem que nos dão acesso aos mais variados povos, homens e culturas. Desenvolvi então um vivíssimo interesse em aprender línguas, a tal ponto que considerei a idéia de cursar a faculdade de Letras, idéia esta que não foi muito longe. Desta feita, meu desleixo para com a língua inglesa tornou-se passado.

Certo dia, numa casa de praia, tive repentinamente a idéia de estudar Francês. Comprei então aquela coleção de banca de revista da Editora Globo e estudei a língua de modo um tanto irregular, como o faço até hoje, mesmo tendo depois freqüentado um curso regular por 1 ano e meio. Aprendi algo do idioma, mas não desisti de dominá-lo.

Depois, em 2003, veio o espanhol. A princípio uma necessidade, logo o castelhano tornou-se uma paixão. Uma língua sensual, plástica, nobre, evocativa da cultura latina e, mais especificamente, da vida ibero-americana. A paixão cresceu ainda mais depois de ter vivido um ano na Espanha. A língua espanhola é paixão para toda a vida.

Não me concebo mais como um monoglota. Aprender idiomas significou para mim uma mobilidade cultural inacreditável. Passei a ter acesso a um mundo cada vez mais vasto, a estar habilitado a ler os mais diferentes livros, jornais e sites de vários países. Foi um aperfeiçoamento cultural enorme. E tudo isso sem falar nas facilidades que me proporcionaram tais línguas em minhas viagens ao exterior.

Como disse anteriormente, o monoglotismo não me é mais aceitável. Tenho até dificuldades de entender como pessoas de classe média ou alta no Brasil vivem limitadas à língua portuguesa. Nem fazem idéia das maravilhas que perdem. Eu, que sei português,inglês, espanhol e um pouco de francês, ainda não me dou por satisfeito: pretendo aprimorar-me nesses idiomas, bem como aprender bem ainda alemão, italiano, grego chinês, russo, sueco... umas 12 línguas estrangeiras até o final da vida. Muita coisa, bem como muita vontade de fazê-lo.

Não aceite o monoglotismo. Abra ao máximo possível as janelas para o mundo, consiga todos os passaportes que puder para melhor poder viajar pela obras do engenho humano, assim como para conhecer melhor seus irmãos, seus semelhantes ao redor do mundo. Eis aí uma necessidade civilizacional.

(Publicado em Nova Mensagem, em 09 de Fevereiro de 2007. Fiz uma melhoria nele agora)

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sobre Doutoramentos. Considerações a uma diatribe desqualificada

Sei que já é velho esse meu hábito (ou vício) de comentar coisas já passadas e que saíram um tanto de evidência, se é que tiveram mesmo alguma. Mas, enfim…

Há mais de um mês, Janer Cristaldo, comentando uma antiga decisão da Capes de ampliar o número de PhDs no Brasil, lançou-se contra os cursos de Doutorado, Mestrado e mesmo as Graduações da Humanidades. Contrariando meu habitual método de comentar textos inteiros trecho a trecho, deixo aqui uns comentários ao caso:

1)Dizer que um curso de Doutorado ou Mestrado é uma inutilidade é uma tolice que dispensa grandes comentários. Numa época em que se acentua a necessidade de qualificação e preparo para enfrentar os desafios do mercado de trabalho, dentre outros, é espantoso que alguém pretensamente esclarecido diga tais asneiras;

2)Um mestrado deve ser feito de preferência na sequência da conclusão da graduação sim. Já o doutorado exige mais experiência, maturidade. A sugestão de Janer, de que se conclua o Doutorado até trinta e poucos anos é um absurdo total, já que nesta idade muito dificilmente o doutorando terá o preparo adequado para tirar todos os frutos do curso (o último professor que vi comentar o assunto orientou os alunos para fazerem doutorado só anos depois do Mestrado. Eu, se um dia fizer um, só o farei 10 anos após o Mestrado). Essa sugestão, aliás, cria o problema que ele vê nesses cursos, que é o de manter o estudante por demasiados anos longe do mercado de trabalho. Sem perceber, ele criou a inviabilidade que acha ser natural desses cursos.

3)Não sei se isso é comum no Brasil, acho até que não, mas aqui em Portugal já vi muitas teses publicadas. No começo deste mês, aproveitando uma promoção da INCM, adquiri Povo, Eticidade e Razão. Contributos Para o Estudo da Filosofia Política de Hegel. É a tese de Doutoramento do Professor Edmundo Balsemão Pires, docente da FLUC, de quem já assisti algumas aulas de Filosofia do Direito, ministrada aos estudantes da Licenciatura em Filosofia. Evidentemente ainda não a li, mas pelo que já vi parece ser muito boa. Para ficar na área que me é mais familiar, já vi várias teses de Mestrado e Doutorado em Direito publicadas por aqui. Elas contam especialmente na coleção Studia Juridica, da Coimbra Editora e na Coleção Teses (o título já diz tudo), da Livraria Almedina. A prmeira coleção é voltada mais para o labor dos professores da FDUC. A segunda contêm mais trabalhos oriundos de Lisboa e do Porto, embora também haja algo da “prata da casa”. Estes livros têm de ser pagos? Sim. Afinal, são publicados por editoras privadas (exceto o caso da INCM), que têm custos de produção, como qualquer empresa em relação ao seu produto. Em todo caso, Cristaldo costuma ler teses, sejam brasileiras ou estrangeiras? É capaz de produzir algo a altura, por exemplo, dos professores de Cimbra e melhor do que o fazem os acadêmicos brasileiros?

4)Se o Brasil eliminasse hoje seus cursos de doutorado, perderíamos sim grande coisa. Apesar dos pesares, perderíamos mais profissionais qualificados. Isso numa época em que tanto precisamos deles;

5)Curiosa a postura esnobe e utilitarista quando compara os cursos de engenharia, medicina, odontologia com os cursos de Humanidades, notadamente os de Filosofia, Sociologia e Letras. Curiosa porque vem exatamente de um sujeito que sempre teve interesse (amadorístico que seja) por Humanidades e sempre se manteve longe dos cursos ditos por ele “úteis”. O mesmo Cristaldo que diz isso já lecionou Literatura e vez por outra dá pitacos na matéria, bem como o faz com a Filosofia e outras “inúteis” ciências humanas. Verdade que seus palpites não valem lá muita coisa, mas existem. Frise-se ainda que engana-se quem pensa que o ex-jornalista agora dará uma guinada em seus interesses e seus textos, só tratando de temas das ciências exatas e da saúde. Não: ele continuará falando sobe literatura, filosofia, historia e outras “inutilidades de vestibular fácil”;

6)Caso especial do número precedente: o curso mais “útil” que ele fez, o Direito, serviu-lhe de quê? Acaso ele se interessa realmente pelo Direito? Tornou-se um operador do Direito, fosse em que ramo fosse? Não foi ele quem jogou fora seus livros tão logo terminou o curso e, desde então se mantem afastado como pode da ciência jurídica? É assim que ele vem esnobar os estudiosos de Humanidades;

7)Entretanto, não vá pensar o leitor que Janer Cristaldo tem uma visão utilitarista do conhecimento. Não: ele tem uma visão utilitarista da universidade. Sua visão de cultura, por outro lado, é totalmente lúdica: ele acha que cultura tem que ser “gostosinha”, “algo que dê prazer”, conforme demonstrou nesse outro texto, publicado depois do começo dessa diatribe. Precisa comentar que, por essa via, nunca se formarão scholars? Que um curso de Humanas não é entretenimento sofisticado, mas campo de estudo e pesquisa?

8)Também é curioso, e mesmo irônico, que um sujeito que ataca mestrandos e doutorandos por serem subsidiados com bolsas oriundas de recursos públicos seja o mesmo que, em suas estadias estudantis em Paris e Madrid, décadas atrás, tenha recorrido a esses expedientes em proveito próprio. Será que ele confessa aí que explorou os contribuintes franceses e espanhóis, ou com ele as regras são diferentes?

9)Normalmente, quem possui Mestrado e Doutorado tem mais qualificaçãoes. Por isso, por lei, podem conseguir vencimentos maiores. Qual o problema aí, Sr. Janer Cristaldo?

Sem mais tolices para comentar por enquanto.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Fragmentos da Biblioteca Ideal - Direito I

Comecei há muito tempo a desenhar partes da minha biblioteca ideal, mas parei. Agora, retomo a empreitada.

Eu, como estudante de Direito, não posso deixar de elaborar minha lista de livros jurídicos para a dita biblioteca. É o que começo a fazer hoje. Depois termino, bem como continuarei a parte da Literatura e apresentarei os outros setores da minha biblioteca ideal.

Embora reconheça ser um erro identificar o Direito com a norma, começo por diplomas legislativos. Na generalidade dos casos, obviamente, busco a edição mais atualizada:

1- Vade Mecum de Direito (Brasil)
2- Constituições do Brasil (coleção editada pelo Senado Federal, traz todas as constituições brasileiras, além de um pequeno estudo introdutório)
3- The Constituition of the United States of America
4- Constituición de la República Argentina
5- Constituición de la República de Chile
6- Constituición de la República Socialista de Cuba
7- Constituición de los Estados Unidos Mexicanos
8- Constituición de la República Bolivariana de Venezuela
9- Constituição da República Portuguesa
10- Constituición Española
11- Constitution de la République Française
12- Grundgesetz für die Bundesrepublik Deutschland
13- Constitution Suisse
14- Costituzione Italiana
15- Österreichische Bundesverfassung
16- The Constitution of Japan
17- Constituição da República Popular da China
18- Constitution of India
19- Constituição de Angola
20- Constituição de Cabo Verde
21- Código Civil Português
22- Código Penal Português
23- Código Civil Español
24- Código Penal Español
25- Código Civil Alemão
26- Códe Civil Français
27- Tratado de Lisboa e legislação de Direito Comunitário

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fernando Pessoa, 123 anos



Se vivo fosse, Fernando Pessoa faria 123 anos hoje. Por isso, posto cá 6 poemas deste gigante, que despertou-me o gosto pela poesia. Saudações ao grande poeta do Chiado!!!

III. OS TEMPOS


PRIMEIRO / NOITE

A nau de um deles tinha-se perdido
No mar indefinido.
O segundo pediu licença ao Rei
De, na fé e na lei
Da descoberta, ir em procura
Do irmão no mar sem fim e a névoa escura.

Tempo foi. Nem primeiro nem segundo
Volveu do fim profundo
Do mar ignoto à pátria por quem dera
O enigma que fizera.
Então o terceiro a El-Rei rogou
Licença de os buscar, e El-Rei negou.

Como a um cativo, o ouvem a passar
Os servos do solar.
E, quando o vêem, vêem a figura
Da febre e da amargura,
Com fixos olhos rasos de ânsia
Fitando a proibida azul distância.

Senhor, os dois irmãos do nosso Nome
— O Poder e o Renome —

Ambos se foram pelo mar da idade
À tua eternidade;
E com eles de nós se foi
O que faz a alma poder ser de herói.
Queremos ir buscá-los, desta vil
Nossa prisão servil:
É a busca de quem somos, na distância
De nós; e, em febre de ânsia,
A Deus as mãos alçamos.
Mas Deus não dá licença que partamos.


*

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

*

XX - O Tejo é mais Belo


O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

*

Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima ...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza ...
Tu mudaste a Natureza ...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.

*

Alberto Caeiro

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

*

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Declaração de Brasília sobre células-tronco. Resgatando o que dissemos em 2008

Apesar das informações de carácter mais técnico, voltadas para os mais versados em Biologia e Medicina, não dá para deixar de recomendar que leiam todo esse texto. Aqui vai um trecho interessante:

3.Pretende-se contrapor a vida dos embriões congelados na data da promulgação da Lei de Biossegurança, nº 11.105, de 24 de março de 2005, à terapia e cura de muitos que padecem de doenças graves em nosso País. Não temos receio em afirmar com toda ênfase, que tal dilema é falso; como consta de texto divulgado por 57 cientistas norte-americanos, em 27 de outubro de 2004, bastante atual: “Baseado nas evidências disponíveis, ninguém pode predizer com certeza se as células-tronco embrionárias humanas, em alguma época, produzirão benefícios clínicos, e, muito menos, benefícios que não sejam obtidos por outros meios menos problemáticos do ponto de vista ético”.

4.Ao contrário do que tem sido veiculado e acriticamente aceito pela opinião pública, as células-tronco embrionárias não são a grande promessa para gerar terapias. Na verdade, são as células-tronco adultas que têm produzido expressivos resultados, que se apresentam ainda mais promissores depois do desenvolvimento da técnica de indução de pluripotencialidade em células adultas.