sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A Direita Lamuriante‏

Há algum tempo, venho observando nos meios virtuais direitistas brasileiros,notadamente em algumas comunidades do Orkut, um espírito negativista, depressivo, desanimador. Vejo, a cada dia com mais força, o aparecimento de uma direita abatida e cansada num país onde há muito não existe uma direita sólida.

Essa direita a qual me refiro pode ser assim caracterizada: é, em geral, formada por jovens universitários ou recém-saídos da universidade. A maioria tem lá suas leituras, mas bem poucos compreendem ou mesmo valorizam aquilo a que se costuma chamar "vida intelectual", "busca pela verdade", "aprimoramento intelectual", etc. Lêem o mais fácil, o mais à mão. Nada de reflexões demoradas. Mas a característica mais marcante é o gregarismo negativista, a união solidária na derrota, ou melhor, na ideia que têm de que estão irremediavelmente derrotados pela esquerda, pela revolução cultural, pelo globalismo da ONU, pelo radicalismo islâmico, etc. Essa sim é a sua principal marca: diante de qualquer facto ou declaração que lhe desagrade, responde com um "é o fim!", "não tem mais salvação", "O Brasil não tem jeito", "o Ocidente está derrotado", "a Igreja Católica acabou!", "estamos na lona", "a universidade não serve mais para nada. Devia ser jogada no lixo", "não tem mais volta", " a cultura brasileira é um lixo" e outras do mesmo teor.

Curiosamente, não é difícil ver os mesmos clamarem por uma cultura superior, uma direita política forte e atuante, e outras coisas maravilhosas opostas àquelas citadas no fim do parágrafo anterior. E é aí que eu me questiono: que raios de direita é essa' Como é que ela quer (ou pelo menos diz querer) o reino do liberal-conservadorismo, dos "valores ocidentais", da alta cultura, se não age minimamente para alcançar estes objectivos? O que esperam conseguir ( se é que esperam mesmo) anunciando insistentemente o próprio fracasso como líquido, certo e iminente? Que alta cultura podem produzir os que pouco amor demonstram pela alta cultura? Que luta política se pode esperar de quem já não acredita absolutamente em luta política alguma, mas sonha em fugir o quanto antes para algum pretenso paraíso terrestre mais condizente com suas ideias e mais "digno" de suas presenças? Antes, os EUA eram vistos como este oásis, mas desde a eleição de Barack Obama que o país passou a ser visto como pouco mais do que uma bela porcaria. Emfim, que esperar de gente que não pára de reclamar da situação actual, mas não faz nada para melhorá-la e ainda por cima clama por soluções, ao mesmo tempo em que acredita que nada mais tem solução?

Esta descrição não abrange, obviamente, toda a direita virtual tupiniquim. Há nela indivíduos de valor mais elevado, que prezam pela vida intelectual e pela militância política, e fazem ou pelo menos têm projectos sérios de fazerem algo de concreto com seus talentos e aspirações. Mas não posso negar que pequena não é esta outra direita, negativista, desanimada, reclamona, sempre pronta a maldizer a tudo e todos, e nunca ou quase nunca disposta a sair da própria inércia, já que lhe falta fé em si mesma e nos outros. E não nego que isso me aborrece, especialmente quando penso nas coisas boas que esta deixa de fazer por causa disso.

Dessa forma, fica mais fácil perceber porque o Brasil não deve conhecer uma boa direita tão cedo: uma esquerda estúpida, autoritária mas prevalente, de um lado; enquanto que do outro uma direita chorosa fica se lamuriando porque as coisas não vão como ela gostaria.

Publicado no meu antigo blog, Nova Mensagem, em 18 de Abril de 2009.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Minha Reconversão

Numa interessante lista de discussões via e-mail da qual participo, um dos membros fez uma pergunta geral aos participantes, inquirindo sobre quem na lista se converteu ou retornou de fato à fé batismal nos últimos dez anos. As histórias foram bastante interessantes, especialmente dos membros que na adolescência foram ateus inveterados e hoje são católicos fervorosos. O meu caso, entretanto, foi diferente. Foi um caso de reconversão, que o texto que por lá escrevi (e aqui reproduzo) poderá explicar melhor:

"Bem, a minha história talvez seja uma das mais sem-graça da lista.

Eu nunca fui ateu. Verdade que lá pelos meus 14 anos eu me achava um sujeito inteligentíssimo, cultíssimo, mas não cheguei ao ponto de renegar a religião. Em meus tempos de 1ª Comunhão (quando eu tinha uns 10 ou 11 anos) tive um contato muito forte com a religião, que muito me estimulava a pensar no assunto e a ler a Bíblia. Era um grande interesse por tudo o que estivesse ligado à Deus e à Igreja, mas isso foi-se esmaecendo com o passar dos anos, principalmente com a chegada da adolescência.

Não deixei de ir à missa e nem de ler algo da Bíblia, mas fazia tudo isso tão irregularmente que mal podia colher algum proveito disso [creio mesmo que já cheguei a passar cerca de 1 ano sem ir à missa). Passei a deixar que assuntos mundanos ocupassem o centro das minhas atenções, como a História, a Política, meu futuro estudantil e profissional, etc. Acabei por relegar temas religiosos para segundo plano. Vejam bem: não que tivesse abandonado a religião; apenas o assunto me parecia pouco importante. Julgava que não me devia preocupar muito com ele. Nessa via, cheguei mesmo a tolerar insultos e críticas pesadas ao cristianismo e à Igreja Católica por pessoas que tinham opiniões concordantes comigo noutros assuntos, especialmente em política.

Mas aí, há uns 2 anos atrás, eu me dei conta de como Deus fazia falta na minha vida. Ocorreu-me isso de uma forma meio que repentina, mas para a qual contribuíram a convivência com pessoas religiosas (católicas ou não), as investidas dos ateus militantes e reflexões sobre a vida. Desde então tenho rezado mais, ido à missa todos so domingos e, desde o fim do ano passado, participo de uma catequese para adultos aos sábados, pela tarde, na Sé Velha de Coimbra, o que, aliás, amo bastante. Temas religiosos estão entre meus principais interesses desde então (embora eu não fale muito sobre religião, justamente por saber que meus conhecimentos são insuficientes), e penso, daqui a uns anos, em fazer uma faculdade de Teologia. Vontade não me falta, só preciso ajustar algumas coisas da minha vida prática.

Ah, e deixei de me achar, há anos, a Encarnação da Cultura e do Saber, como cria na adolescência. Isso também deve ter-me ajudado bastante!"

Publicado no meu antigo blog, Nova Mensagem, em 11 de Fevereiro de 2009.

Presidenciais em Portugal, 2011



Ontem foram as eleições presidenciais em Portugal. Confesso que só acompanhei a coisa toda no início, quando inda estava por lá. Também admito que não me empolguei muito por nenhum dos candidatos presentes.

Cavaco Silva, o presidente que buscava a reeleição e que era o mais à direita deles (pelo menos, de quase todos eles, pois não conheci os nanicos) não me parece bem o presidente direitista que desejava: muito neutro em várias questões, pouco fez contra a legalização do aborto no país (embora, creio, pouco mais poderia fazer), como também ratificou a espúria lei permitindo o casamento entre homossexuais com o canhestro argumento de que, se não fosse aprovada, geraria uma grande polêmica que dividiria o país numa época de tão grave crise económica e isso seria inaceitável, como se o país já não estivesse dividido e o assunto fosse de pequena importância. Fez silêncio muitas vezes, embora, quando da sua eleição em 2006, prometesse uma “presidência forte”, o que assustou a alguns, receosos de que o país caminhasse para o presidencialismo. A razão do medo? Eu não sei.

Entretanto, folgo em saber que ele reelegeu-se. Como disse, não o considero um grande PR, mas é sem dúvida uma opção bem melhor do que Manuel Alegre ou Francisco Lopes. Antes um mezzo conservatori do que autênticos esquerdistas, embora mezzo conservatori não sejam lá grandes soluções. A esquerda política portuguesa já é grande demais e tem muito poder.

No mais, é torcer por Portugal e acomanhar o desenrrolar dos acontecimentos.

P.S.: E vale lembra que, ao contrário do “presidente-operário-que-chegou-lá”, Cavaco Silva não enfrentou nenhum escãndalo de corrupção em sua Presidência.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Philos Sophia

Árduo é o labor, dura é a gesta.
Leituras e reflexões,
Pensamentos e lições,
Só assim se manifesta

O tesoiro. De alto preço,
Só o têm os de vocação
Voltada à contemplação.
Tal bem… será que mereço?

Muito estudo que fazer,
Mas sem o olvido da experiência,
Pois que vale o conhecer

Sem os laços com o real?
Assi’ age quem quer sapiência,
Oiro de brilho magistral!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Cem homicídios em 16 dias do ano

18/1/2011


Número de homicídios assusta a população e leva as autoridades a traçar novas estratégias para reverter a situação

Chegou a 100 o número de pessoas assassinadas na Grande Fortaleza (Capital e região metropolitana) em apenas 16 dias de 2011, o que leva a população a acreditar que o ano poderá repetir ou mesmo superar os altos índices de crimes de homicídio registrados em 2010, quando 1.824 pessoas foram mortas na RMF. A média nestas duas semanas é de seis assassinatos por dia, ou um a cada quatro horas. No mesmo período, a Polícia reagiu e apreendeu 91 armas de fogo, cinco a cada dia.

Dos 100 homicídios, em apenas quatro deles houve a prisão em flagrante dos envolvidos. Nos quatro casos, foram sete pessoas detidas logo após o cometimento do delito, sendo cinco adultos e dois adolescentes. Houve ainda um caso de apresentação espontânea, isto é, o acusado do crime compareceu à Polícia e prestou depoimento, confessando o crime.


E depois tem gente que não entende porque dou tanta importância ao problema da violência...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Às vítimas da catástrofe no Sudeste



Às vitimas do Rio e de São Paulo. Não tenho muito mais a dizer, pois a imprensa já cobre intensamente o caso. Sem mais palavras.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Qorpo Santo, para quê?

O retorno de Qorpo Santo

Quatro anos depois da primeira apresentação, o Grupo Imagens de Teatro reestreia "Dr. Qorpo". O espetáculo é inspirado na vida e na obra do dramaturgo gaúcho José Joaquim de Campos Leão (1829-1883), autodenominado Qorpo Santo, criador de imagens surreais. Para muitos críticos teatrais, o autor é considerado o pai do "Teatro do Absurdo" no Brasil

Em 2006, quando eu ainda era leitor do Janer Cristaldo (something I cannot de proud of, I assume), resolvi conhecer a obra de Qorpo Santo, autor que ele muito elogiava e que chegava mesmo a considerar superior a Machado de Assis. Peguei uma colectânea de suas peças na biblioteca pública da minha cidade e li 5 das várias do volume.

Não sei como pude aguentar ler tantas, pois eram péssimas. Segundo comentários, tratam-se de histórias bem humoradas e de alta qualidade, mas o que vi ali foi um vazio total: nenhum tema relevante, nenhum personagem marcante, nenhuma utilização marcante da língua portuguesa e, nem mesmo, nenhum humor digno de nota. Nada. Ali percebi que estava diante de um dos escritores mais vazios (se não o mais) da literatura brasileira.

Por isso me surpreeendo com essa matéria do Diário do Nordeste. Para que reencenar Qorpo Santo? Tem coisa muito melhor para o tablado por aí.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Leituras virtuais 9

Teatro é (deveria ser) a maior diversão
Pedro Sette-Câmara critica o academismo no teatro.


A atividade filosófica

Lucas Mafaldo discorre sobre a atividade filosófica,mostrando a diferença entre a filosofia e as ciências.


The Murderers of Christianity
Patrick J. Buchanan comenta o ataque a uma igreja cristã no Iraque. Artigo de 2010.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Preposto ou chefona?

Lustosa da Costa, hoje:

Poste ou não poste?

A campanha da mídia contra a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República começou por total desvalorização de sua personalidade, com ampla e intensa atuação na administração pública federal e no Estado do Rio Grande do Sul. Seria ela um poste, de tão inexpressiva que o presidente Lula imporia ao eleitorado.

Competência

Ao longo da campanha, verificou-se o ledo e quedo engano da comunicação. Esta, então, passou para pintá-la de maneira totalmente inversa, como mandona, autoritária, sempre pronta a repreender colegas de ministério que não cumprissem os prazos marcados pelo presidente para cumprimento de suas tarefas. Aí viu que ela saiu ganhando na troca de imagem, intentada.


1) Tá, alguns jornalistas desde logo se posicionaram contra a candidatura de Dilma ao Planalto. Mas dizer que houve “campanha da mídia contra a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República” é um brutal exagero. A menos que o articulista considere que tentar saber quem é realmente o sucessor que o presidente e seu partido querem nos apresentar seja “fazer oposição”.

2) Não há contradição real em "ser um poste" do PT e de Lula e ser autoritária: um tenente pode muito bem ser um mandão duro com seus praças e, ao mesmo tempo, um fidelíssimo subordinado de seus superiores.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Quanta ironia, Sra. Presidente!

Dilma vai privatizar novos terminais de aeroportos

Decisão inclui abertura de capital da Infraero e nova secretaria para o setor. Empresas aéreas podem construir e operar novos terminais em Guarulhos e Viracopos; concessão deverá ser de 20 anos

Valdo Cruz e Ana Flor, Folha de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff decidiu entregar à iniciativa privada a construção e a operação dos novos terminais dos aeroportos paulistas de Guarulhos e de Viracopos, dois dos principais do país.

A medida faz parte de pacote que será baixado por meio de medida provisória -talvez ainda neste mês.


Ué, e não eram as possíveis "privatizações" que seria realizadas por um eventual governo do PSDB que fizeram tantos eleitores, amedrontados, a preterir José Serra em favor de Dilma Rousseff?

Quero ver agora as explicações dos petistas para esta atitude.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Verdade constrangedora

11 compañeras de prisión de Rousseff durante la dictadura militar la acompañarán en su toma de posesión

A la toma oficial de posesión de este sábado como nueva presidenta de Brasil, la ex guerrillera, Dilma Rousseff, a cuya ceremonia ya han anunciado su presencia representantes de más de 130 países -más de los que asistieron a las de Lula en 2003 y en 2007-, ha querido tener a su lado en un lugar de honor a 11 amigas ex guerrilleras que compartieron con ella la cárcel durante la dictadura militar.

Juntas estuvieron presas en la década de los años setenta en la Torre de las Donzelas, como se llamaba el reparto femenino en lo alto de la cárcel Tiradentes en São Paulo, de las militantes de extrema izquierda acusadas entonces de querer implantar en Brasil el régimen comunista soviético.


É, eu sei que é constrangedor. Talvez até Dilma e seus asseclas pensem o mesmo. Mas, infelizmente é a pura verdade.