terça-feira, 27 de julho de 2010

Olavo de Carvalho, 10 anos



Quem me acompanha já notou a influência que o filósofo Olavo de Carvalho tem sobre mim. Confirmo esta impressão: muito do que sei hoje aprendi com ele. Ele é uma das minhas grandes inspirações na vida intelectual.

Ontem lembrei-me que já o acompanho há 10 anos. 10 anos! Uma década já se passou, e para mim foi como se tudo começasse num dia desses. Uma década de aprendizado e de transformação intelectual, majoritariamente positiva. Antevejo que mais uma década de "olavismo" ainda virá para mim. E talvez outra, e outra...

Não vou mais me alongar sobre o assunto. O que cabe dizer agora eu já disse, há quase 1 ano atrás, no penúltimo texto do antigo blog, que republico aqui, já que nada há que acrescentar:


Sobre Olavo de Carvalho

Li o primeiro texto de Olavo de Carvalho em Março ou Abril de 1999. Na altura eu tinha 16 anos, cria-me cultíssimo e, embora fosse mezzo direitista, por meus conhecimenos de humanidades e principalmente por minha formação familiar, na prática era influenciado por várias teses esquerdistas que me eram impingidas por meus professores de colégio (como a de que o nazi-fascismo era uma corrente de direita, a de que a ditadura militar brasileira foi de uma violência comparável à da ditadura hitlerista, a de que a violência nas cidades e nos campos é causada pela pobreza, a de que a Inquisição foi uma das maiores monstruosidades que já existiram, a de que a Igreja Católica estava repleta de "podres" ao longo da sua história, a de que Mao Tsé-Tung foi, afinal de contas, responsável por um grande desenvolvimento na China; a de que o PSDB é um partido de direita, tal como o PMDB e o antigo PFL; etc).

Era um texto sobre a Revolução de 31 de Março de 1964, que encerrava uma homenagem feitapelo Clube Militar aos 35 anos da Redentora. O folheto fora-me dado por meu pai, que o recebera de um amigo coronel da reserva do Exercito, e narrava o episódio do ponto de vista militar. Era a primeira vez que eu lia algo como aquilo, e esta leitura chacoalhou profundamente minha visão sobre o regime militar brasileiro. O texto de Olavo de Carvalho encerrava o encarte e também me marcou, não só por elogiar certos aspectos do regime mas também por afirmar que, no Brasil, não existe uma direita politicamente organizada. O artigo não o identificava, por isso pensei tratar-se de um coronel ou algo assim.

No ano seguinte, ao revirar umas edições passadas da revista Época, defrontei-me com o artigo Longe de Berlim, fora do Mundo e o nome do autor logo atiçou minha memória. Surpreendi-me ao vê-lo chamado filósofo. Era a primeira vez que via um brasileiro das humanidades com tais posturas antiesqurdistas. Começei a acompanhá-lo com mais regularidade até que, no dia 24 de Julho de 2000, lendo uma reportgem sobre o comunismo numa edição da citada revista, leio logo a seguir A velha alucinação. Foi tiro e queda: bastante ácido, inteligente e honesto, este artigo do filósofo é um golpe pesado contra o comunismo e impressionou-me deveras. Foi um poderoso contra-ataque ao que eu aprendia na escola. Foi a partir daí que passei a acompanhá-lo seriamente.

E lá estava eu, lendo seus artigos todas as semanas em Época. Meses depois, numa livraria, encontrei acidentalmente O Futuro do Pensamento Brasileiro. Estudos sobre o Nosso Lugar no Mundo. Comprei-o imediatamente e nele descobre que Olavo de Carvalho é muito mais do que um crítico do comunismo; é um autêntico intelectual, nas boas acepções do termo. Foi o primeiro de muitos: O Jardim das Aflições, O Imbecil Coletivo I, Aristóteles em Nova Perspectiva, e outros. Pouco depois descobri seu site na Internt e isso foi um deleite intelectual para mim. Não só em quantidade mas também em qualidade, tudo aquilo me impressionou positivamente. Era mesmo muita coisa boa o que ali havia e há.

Através de Olavo de Carvalho conheci outros sites interessantes como O Indivíduo, WND, MSM, Lew Rockwell ou o Seventh Seal. Foi ele quem me apresentouautores como Mário Ferreira dos Santos, Miguel Reale, Eric Voegelin, Ludwig von Mises, Roger Scruton, Ângelo Monteiro e Bruno Tolentino. Foi com Olavo que conheci bem temas como a paralaxe cognitiva, a dialética erística, a revolução gramsciana, a Religião Comparada, o Foro de São Paulo, o politicamente correto e o mundialismo. Digo, enfim, sem nenhum receio, que a minha vida intelectual (algo mais que aprendi com ele) deve imensamente ao trabalho de Olavo de Carvalho há uns 9 anos.

A filosofia de Olavo de Carvalho centra-se na defesa da consciência individual frente à tirania da colectividade, sobretudo quando baseada numa ideologia dita "científica". Segundo ele, a objetividade do conhecimento e a autonomia da consciência individual estão inseparavelmente ligados, ligação esta que é perdida quando o conhecimento só é considerado seguro quando é reduzido ao academicismo. Sustentando que a principal guarida da consciência individual contra a alienação e a coisificação se encontra nas antigas tradições religiosas, o filósofo de Campinas analisa os problemas da cultura atual à luz destas tradições.

Embora eu reconheça nele algumas faltas que se tornaram mais claras para mim nos últimos anos - brigas nem sempre necessárias, desrespeito a alguns importantes membros da Igreja, uso de uma linguagem nem sempre recomendável em seu programa True Outspeak, algum feitichismo intelectual que complica a vida, negativsmo em relação ao Brasil, etc - penso que o saldo final de sua obra é e será positivo, já que seu trabalho não está ainda concluído. Penso que, se houver uma renovação e mesmo um robustecimento da intelectualidade brasileira nas próximas décadas, essa renovação em muito deverá ao trabalho do filósofo Olavo de Carvalho.

Um relançamento




Via Pedro Sette-Câmara.

Para mim,Pedro Sette-Câmara tem um dos melhores blogs do Brasil, se não o melhor, e é uma grande promessa para o futuro da cultura letrada deste país. Atenção a ele.

Encontrei em Schopenhauer, em seu livro sobre a dialética erística, um parágrafo que tem tudo a ver com o que postei aqui no dia 22. Com a palavra, o filósofo de Gdansk:

O único contra-ataque seguro é, portanto, a que já Aristóteles indicava no último capítulo dos Tópicos: não entrar em controvérsia com qualquer um que chegue, mas só com aqueles que conhecemos e dos quais sabemos que têm inteligência suficiente para não propor coisas absurdas que levem ao ridículo, e que têm suficiente talento para discutir à base de razões e não com bravatas, para escutar e admitir tais fundamentos, e que, enfim apreciem a verdade, prestem com gosto o ouvido às razões, mesmo quando procedam da boca do adversário, e sejam o bastante equitativos para suportar que não se lhes dê razão, quando a verdade está do outro lado. Disto segue-se que, entre cem pessoas, há apenas uma com a qual valha a pena discutir.

(Como Vencer Um Debate Sem Ter Razão: Em 38 Estratagemas (Dialética Erística); intr. notas e comentários por Olavo de Carvalho; trad. de Daniela Caldas e Olavo de Carvalho. Rio de Janeiro, Topbooks, 1997).

domingo, 25 de julho de 2010

365 dias

Ontem, completaram-se 365 dias desde que cheguei em Fortaleza. Há quanto tempo eu não passava por um período tão longo no Brasil!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Internet, discussões, o tempo e a obra

"Evita as longas discussões, sobretudo com pessoas dispersas, que juntam argumentos sobre argumentos, sem ordem e sem disciplina, misturando juízos apenas de gosto com algumas pseudo-idéias mal-formadas e mal-assimiladas. Evita essas discussões que não são em nada benéficas. Se não for possível conduzir o colóquio com alguém em boa ordem, segundo boa lógica, cuidadosa e organizada, é preferível que te cales. Sempre sê disciplinado no trabalho mental. Essa é a regra importante, e nunca ceder às vagabundagens do pensamento em conversas diluídas, dispersas, em que se fala de tudo e não se fala de nada.” Mário Ferreira dos Santos (1903-1968), filósofo brasileiro.

Já falei, num dos primeiros posts deste blog, como o tempo é uma preocupação constante minha. Cada vez mais me convenço de que ele é muito precioso e deve ser administrado com muita sabedoria e que os planos devem ser levados a termo com seriedade, se se tem como projecto de vida a santidade e a vida intelectual fecunda e responsável, como é o meu caso, e não um mero "vai levando" da existência terrestre.

Tomo as palavras de Mário Ferreira dos Santos como um mote para retornar ao tema no que diz respeito à internet e aos debates virtuais, tema este no qual tenho pensado muito ultimamente.

Devo dizer, à partida, que considero a internet uma fonte maravilhosa de conhecimento de de interacção com outras pessoas mais distantes com interesses comuns aos meus. Por meio dela conheci diversos sites bastante instrutivos, consegui excelentes livros e conheci ótimas pessoas, muitas das quais mantenho contacto tanto real, como virtual. Sem exagero, posso dizer que muito do que sei é devido à rede mundial de computadores.

Entretanto, o meio virtual é um ambiente bastante propício para pessoas de má-fé posarem como que sendo o que não são, desfilares seus egos, seu orgulho como conhecimento, sabedoria e cultura; para gente despreparada conduzir discussões intermináveis e de baixo nível; para os imaturos martelarem a rigidez de suas idéias rasas num ritmo incessante; para que agressoes verbais pululem às por todo lado. É uma faca de 2 gumes, e eu mesmo já me feri nessa faca algumas vezes.

Já me feri, mas também feri outros, quase sempre sem a menor necessidade. Não pense o leitor que já não cometi minhas faltas em discussões virtuais, agredindo quem de mim discordava ou falando em tom categórico e professoral assuntos sobre os quais eu tinha bem poucos subsídios sobre os quais me apoiar. Isso parece ser difícil de evitar, já que nesse tipo de colóquio os participantes tendem a se comportar como se estivessem interagindo apenas com uma máquina, como se por trás dela não estivesse um seu semelhante. Como se a única pessoa existente no caso fosse aquele quem fala,e os participantes de comunidades virtuais, meros programas informáticos. Não é difícil ver que, assim, pecar contra a caridade torna-se uma moeda corrente.

Além disso, vale falar que muitos dos debates "internéticos" são cultural e intelectualmente improdutivos. Não poucos usam da enorme liberdade da internet apenas para posar de doutos, quando não o são; para defenderem suas posições à ferro e fogo sem terem condições para tal; para "botar pra quebrar" para aparecerem, já que não se destacam como bons debatedores. Gente assim já derrubou muitos bons fóruns virtuais. É preciso selecionar muito bem as comunidades a participar e os interlocutores aos quais se dirigir para qe se percebam bons frutos.

Falo isso mais focado no famoso Orkut, mas vale basicamente para todos os ambientes virtuais onde as pessoas possam se reuinir para falar sobre algo. Pois bem: vendo que isso pode ser bastante prejudicial à alma (estímulo à vaidade, à maledicência, à mentira) e ao intelecto (perda de tempo com discussões inúteis, diminuição do tempo de estudo), estou cada vez menos interessado nesse gênero de debates. Participo cada vez menos e seleciono cada vez mais os interlocutores e os fóruns. Não pode ser de outra forma, se se quer honrar a alma, a vida intelectual e os diversos afazeres da vida cotidiana.

Olavo de Carvalho já denunciava esse vício de debater dos brasileiros. Segundo ele, nossos patrícios têm fascínios por debates, ao mesmo tempo que têm bem menos interesse em conhecer e estudar. Pois bem: para mim, a tensão entre debates virtuais e o crescimento espiritual e intelectual chegou a um ponto crítico. É preciso deixar essas discussões um tanto de lado em nome deste crescimento que vos falo. O reino da doxa deve ceder ante o reino da sophia. Não pode ser de outra forma. Que assim seja e que Deus me ajude.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Novo lançamento literário no Brasil




Traduzido pelo Pedro Sette-Câmara e pelo Edward Wolff.

Esse vem para a minha biblioteca!

'Playboy' portuguesa homenageia Saramago com capa polêmica

'Playboy' portuguesa homenageia Saramago com capa polêmica

Imagens mostram Jesus Cristo e mulher nua, em referência ao livro 'O Evangelho segundo Jesus Cristo'

É, é evidente que é uma blasfêmia típica de Saramago e de seus leitores. Mesmo morto o escritor ribatejano ainda provoca tais males, já que tem uma multidão de admiradores.

Acredite ou não, quando tomei conhecimento da notícia minha primeira reacção não foi nem de raiva, mas de ironia: Saramago homenageado pela Playboy... mistura indigesta, hehehehe.

Mas que não se diga que nada de bom há nesse episódio. Segundo o Jorge Ferraz, a Playboy Portugal será fechada. Já vai tarde.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Leituras Virtuais 3

O ideal do crítico
Pedro Sette-Câmara fala sobre os críticos literários.

Los insumisos no quieren competencia
Pablo Molina mostra com um exemplo prático espanhol como a esquerda usa dois pesos e duas medidas.

À Mão Esquerda
Olavo de Carvalho comenta o romance de Fausto Wolff.

20 Livros para se ter sem falta 2

*Os Sete Matizes do Vermelho - General Ferdinando de Carvalho

*O Direito e a Vida dos Direitos - Vicente Ráo

*Teoria dos Direitos Fundamentais - Robert Alexy

*Teoria da Constituição - Carl Schmidt

*Direito, Legislação e Liberdade - Friedrich Hayek

*O Direito como Experiência - Miguel Reale

*Ordem e História (5 vols.) - Eric Voegelin

*Anamnese - Eric Voegelin

*Hitler e os Alemães - Eric Voegelin

*A Revolução Voegeliniana - Elias Sandoz

*A Filosofia Civil de Eric Voegelin - Mendo de Castro Henriques

*A Filosofia Política de Eric Voegelin - Mendo de Castro Henriques

*Bernard Lonergan. Uma Introdução - Mendo de Castro Henriques

*Law, Liberty and Morality - Herbert L. A. Hart

*Diplomacy - Henry Kissinger

*Investigações Lógicas - Edmund Husserl

*Sobrados e Mucambos - Gilberto Freyre

*Origem dos Grandes Erros Filosóficos - Mário Ferreira dos Santos

*O Fundador do Opus Dei (3 vols.) - Andrés Vásquez de Prada

*Recordações de Mons. Escrivá - Javier Echevarría

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Links

Se ainda não postei adequadamente a minha página de links, aqui vai ela. Acho que montei uma página legal, e vez por outra faço umas alterações por lá.