sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Mais duas de Lustosa da Costa

Hoje o petista ferrabrás sobralense veio com mais das suas. Vejam esses dois trechos:

Fingindo retirada

O presidente dos Estados Unidos anuncia o fim da guerra do Iraque porque vai deixar, em seu território, apenas 50 mil militares, afora o colossal exército de mercenários, contratados pelo governo desde os tempos de George Bush. Estes 50 mil ficarão no país apenas para proteger as conquistas das companhias petrolíferas americanas da ação dos patriotas que não as aceitam porque surgidas após a guerra contra Saddam Hussein, movida para saquear o país e seu povo. O presidente vai continuar no Afeganistão até sofrer derrota tão humilhante quanto a que suas tropas sofreram no Vietnã.


Ué, há 16 dias não era o mesmo jornalista quem dizia que os EUA não deixariam o Iraque? Que aconteceu? Isso para não dizer que faltou ao jornalista informar ao distindo público que o governo iraquiano, sobre a retirada americana, alegou que as tropas iraquianas não estavam suficientemente estruturadas para manter a ordem no país, o que mais tarde rectificou. Por isso, 50 mil militares ianques permenecerão naquele país, para treinar a polícia e o exército. Até Tariq Aziz, ex-vice premiê de Saddam Hussein, quer que os EUA permaneçam por lá.

Traidor malsucedido

Um renegado bem-sucedido ainda é tolerável. Fracassado é rejeitado urbe et orbe, por todo o mundo. Falo de Fernando Gabeira, que pegou armas contra ditadura no passado e hoje é o ídolo da direita fluminense.


O colunista bem que poderia citar que “direita fluminense” é essa que idolatra Gabeira. Já vi direitistas de várias partes do Brasil, Rio incluso, e nunca vi um que admirasse o exótico deputado do PV.

O verdadeiro Curriculum Vitae de Dilma Rousseff



Só para que ninguém se esqueça ou deixe de saber.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Leituras Virtuais 5

Razões para celebrar
João César das Neves comenta a história e as comemorações dos 100 anos da República Portuguesa.

Mais um crime do capitalismo
Olavo de Carvalho desmonta uma mentira de Pauo Henrique Amorim sobre a Colômbia.

Como em Pompéia
Diogo Mainardi fala da dependência de Dilma Rousseff em relação à Lula.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A flechada democrata e o escudo schopenhaueriano

Está interessante a transcrição do debate entre os três principais candidatos à Vice-Presidência promovido pelo Estadão e transcrito no blog do Reinaldo Azevedo. Chamo a atenção para o seguinte:

Índio: Existe uma enorme diferença entre o mensalão do PT e o do DEM. No Democratas, o (José Roberto)Arruda foi expulso, quem assumiu no lugar dele também e o seguinte também. Foram três expulsos. Diferentemente do PT, onde o José Dirceu está operando para eleger a Dilma. E ainda tem discussões sobre quem ocupa qual ministério, Dirceu de um lado, Palocci do outro. Não é esse tipo de governo que o Brasil precisa. O mensalão se transformou em distribuição de cargos. Não podem mais distribuir dinheiro, mas passaram a distribuir poder.

Temer: É preciso invocar a história brasileira. O Brasil Colônia tinha a história do santo do pau oco, porque se escondia o ouro dentro do santo para que não se entregasse o que era devido a Portugal, o que era irregular. Com isso, quero dizer que a corrupção era uma coisa endêmica no País. Avançamos muito. Nos casos de mensalão, houve uma apuração, e essa gente está sendo processada. É fruto da evolução dos costumes nacionais. Na Câmara dos Deputados, estabelecemos a transparência absoluta. Não há despesa de deputado que não vá para a internet. Quem encontrar falha imediatamente denuncia.


Ora, Índio da Costa refere-se a um caso concreto de corrupção (talvez o mais amplo da História brasileira) e da postura governista ante a situação e o vice de Dilma acha que a questão pode ser resolvida mediante a invocação geral da longa tradição da corrupção política no país. Ora, não está aqui em questão se o Brasil tem uma corrupção endêmica desde a época colonial, mas sim o mensalão e as consequências práticas em relação aos envolvidos. Michel Temer, vê-se, faz aí o uso do estratagema erístico nº 19 de Schopenhauer, isto é, a fuga do específico para o geral, para tentar limpar a culpa do governo do qual faz parte.

Fiquem de olho.

Heroína da democracia?



Lustosa da Costa, again:

Vamos ver quando a chapa de Cid Gomes, no Ceará, entra toda em sintonia com o favoritismo de Dilma Rousseff contra quem as publicações, que ganharam muito dinheiro com a ditadura, publicam matérias, baseados em órgãos de informação e de tortura a presos políticos. Quando relembram que, jovem aos 22 anos, teve coragem de arriscar a vida pela democracia, longe estão de desmerecê-la. Mostram seu heroísmo que é marca de sua biografia.

Qual heroísmo? O petista ferrabrás sobralense falta com a verdade quando diz que Dilma, “jovem aos 22 anos, teve coragem de arriscar a vida pela democracia”. Dilam Rousseff era membro da guerrilha comunista que então assolava o Brasil. Dilma nunca lutou pela democracia, nunca pensou em transformar o Brasil dos generais numa Suíça, num Reino Unido ou nos EUA. A “democracia” pela qual lutou é o totalitarismo genocida então vigente na URSS, Romênia, Albânia e que ainda vigora, infelizmente, na Coréia do Norte e em Cuba. Aliás, cumpre notar que a ilha de Fidel Castro era a grande inspiração dela e de seus comparsas, e que até hoje exerce fascínio sobre a candidata petista e seus correligionários. Não venha dizer, Sr. Lustosa da Costa, que não sabe disso.

Até quando esses esquerdistas vão falsificar a História para tentar fazer valer sua política?

Escândalo do mensalão

Num ano de campanha eleitoral à Presidência da República não dá para se esquecer do escândalo do mensalão,cujo esquecimento, urdido por Lula e seus asseclas (incluindo aí os do PSDB), é grande responsável pela actual consolidação das forças governistas. Por isso, deixo aqui o link para o livro O Chefe, de Ivo Patarra.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Instituto Olavo de Carvalho


Acabo de saber pela página de Olavo de Carvalho e o blog Vertebral, de Fernando Moraes, que o Instituto Olavo de Carvalho não é apenas mais um site sobre cultura e filosofia na internet, mas que existe no mundo real e é operante. Ainda é deveras pequeno, mas sua proposta é bastante interessante, como um centro de estudos humanístocos variados, lecionando música, inglês, alemão, italiano, entre outras coisas. Ficarei atento às suas actividades.

PT e Índio da Costa

PT quer processar Indio da Costa por declarações

Vice de Serra disse que partido é ligado às Farc e ao narcotráfico

A cúpula do PT se reúne amanhã para avaliar a possibilidade de processar o candidato a vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB), Indio da Costa (DEM). Em entrevista concedida ao portal que integra a campanha tucana, ele ligou o PT às Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia (Farc), ao narcotráfico e chamou a candidata do PT, Dilma Rousseff, de ateia e "esfinge do pau oco".

"Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior. Não tenho dúvida nenhuma disso", afirmou. Depois, respondendo a uma provocação feita por Dilma em comício no Rio de Janeiro – ela disse que seu vice, Michel Temer (PMDB), não foi improvisado -, Indio chamou a candidata petista de ateia e "esfinge do pau oco".

Pela internet, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, reagiu às declarações de Indio da Costa. "Esse Indio desqualificado quer ser processado. O problema é que ele não vale o custo do papel necessário para a petição", afirmou Dutra.



Olha, como a maioria dos brasileiros, tomei conhecimento de Indio da Costa quando o mesmo se lançou como vice de José Serra. Portanto, não sei se ele vale o papel dos autos processuais que os petistas querem acionar contra ele. Mas tendo a achar que ele vale muito mais sim, e talvez tenha valor para a política nacional, dadas estas suas declarações.

As ligações do PT com as FARC já foram objecto de várias reportagens da revista Veja e de inúmeros artigos de Olavo de Carvalho, de Heitor de Paola e do jornal eletrônico Mídia Sem Máscara. Por que, então, a mídia não investiga a história a fundo? Porque a grande imprensa, notadamente a Rede Globo, investiga com tanto rigor desvios de verbas para cursos fraudulentos feitos por vereadores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, ao mesmo tempo em que se desinteressa por casos muito mais amplos e mais graves como o Foro de São Paulo e as relações PT-FARC?

Algo de podre na mídia tupiniquim…

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Lustosa da Costa

Leio o Diário do Nordeste todos os dias e, honestamente, não consigo gostar do que o jornalista Lustosa da Costa escreve. Julgo-o demasiado superficial, além de ser um defensor ferrenho de Lula e cia. (eca!). O cronista pode até ter algum talento ao falar sobre miudezas sobralenses, mas isso não o qualifica a opinar mais do que sobre isso mesmo: miudezas sobralenses. Seguem trechos de um de seus infelizes artigos:

Guerra é necessária

as grandes potências querem a guerra para expandir seus domínios, para conquistar fontes de riqueza e para fazer seus negócios. Tem sido assim desde a antiguidade, passando por Hitler, até os dois Bushs. Vai continuar a sê-lo com Barack Obama, este negro de alma branca. Hoje, as maiores nações e, em especial, a superpotência decadente dos Estados Unidos amam a guerra sobre todas as coisas.


1)“as grandes potências querem a guerra para expandir seus domínios, para conquistar fontes de riqueza e para fazer seus negócios”. Mas como isso é possível, se uma guerra é, do ponto de vista comercial, um fator altamente problemático e que pode mesmo inviabilizar o comércio? Será que o jornalista ainda vive no século XIX, onde se faziam guerras de conquistas e se colonizavam territórios?

2)Ademais basicamente os EUA foram a única grande potência que se tem metido em guerras nos últimos anos. Ou será que Lustosa da Costa já se esqueceu da forte oposição da maioria das nações européias à empreitada militar americana no Iraque?

3)“Vai continuar a sê-lo com Barack Obama, este negro de alma branca”. O que raios isso quer dizer? Que a alma tem cor e raça? Que se Obama tivesse “alma negra” 8seja lá o que isso for) seria um presidente melhor? Acaso Lustosa da Costa - o branco Lustosa da Costa- crê que os brancos são jingoístas incorrigíveis e os negros, os grandes pacifistas?

4)“Hoje, as maiores nações e, em especial, a superpotência decadente dos Estados Unidos amam a guerra sobre todas as coisas”. Ué, então por que a maioria das nações não está em guerra?

5)Faltou, claro, o jornalista explicar porque os EUA seriam uma “superpotência decadente”.

Iraque

Eles a fizeram para tomar o petróleo do Iraque sob a alegação de que queriam implantar, ali, a democracia. Descobriram riquezas naturais no Afeganistão e estão delas querendo se apoderar. Em guerra ou paz com os talibãs. Também estimulam a guerra para vender seus produtos aos dois contendores. Por isso, encorajam conflitos da Colômbia com a Venezuela. Sempre falando em democracia.


1)Pelo visto, o colunista ignora os postulados ideológicos do movimento neoconservador, que muito influenciou a Administração Bush. Essa corrente política, que atualmente constitui um segmento importante do Partido Republicano, acredita que os EUA têm algo como uma “missão salvadora” para o resto da humanidade: a revolução democrática internacional. Crêem que é vital para os EUA que o mundo se torne um mundo de governos democráticos, e que a democracia americana é exportável a todos os povos. É um tema deveras interessante e que não pode ser abordado por nenhum Lustosa da Costa da vida – está acima de sua capacidade. Para quem quiser entender um pouco mais sobre o projecto neoconservador (movimento de raízes trotskistas, diga-se de passagem), é bom conferir um de seus principais sites, o Project for the New American Century.

2) Se os americanos querem “se apoderar” do Afeganistão, por que têm planos de retirada total do país, planos esses já bastante endossados por Obama?

3) De onde ele tirou que o conflito entre Colômbia e Venezuela é de origem ianque? Provavelmente de sua idéia fixa esquerdista que vê os EUA como uma espécie de demiurgo que guia os acontecimentos internacionais – sempre para o mal, isto é, para seus próprios interesses, é claro. Será que ele ignora que os governos desses 2 países representam projectos totalmente opostos e inconciliáveis?


Só mercenários

o governo de Barack Obama anuncia o fim da ação militar no Iraque mas seu Exército lá permanece, tanto o oficial quanto os milhões de mercenários regiamente pagos para matar árabes e afegãos. Não pensem que os Estados Unidos vão deixar de fazer a guerra. O establishment precisa dela para dinamizar a economia. Eles pensam em invadir o Irã, país rico e civilizado. Se vão incendiar o Oriente Médio, hão de verificar que a ocupação do Irã não será um piquenique como a do Iraque. Os americanos, que não têm tradição, querem destruir o rastro das primeiras civilizações do mundo.



1) Ele por acaso pensa o quê? Que se pode tirar todo o contingente americano de lá sem problemas para ninguém, inclusive para a população local? Acha ele por acaso que a ordem se ia instalar ali espontaneamente? O que aconteceria, isso sim, seria a anomia, a desordem e a reorganização dos insurgentes. Pensar o contrário é ter uma visão muito romântica e simplista do que se passa ali.

2) Sem a guerra e o nation building ianques (que os libertários costumam chamar de socialismo) os EUA não teriam gasto uma fortuna gigantesca que já passa dos 700 bilhões de dólares e poderiam investir esse capital no próprio país. A intervenção no Iraque, aliás, já foi apontada como uma das causas pelas quais a economia americana não vai melhor.

3)Irã, rico e civilizado??? Um país com uma das economias menos livres do mundo, cuja mesma economia foi coniderada pela ONU como semidesenvolvida, no qual os direitos de propriedade são muito mal guarnecidos, com uma corrupção altíssima, os investimentos externos são hostilizados, a inflação passa dos 9%, com um PIB per capita abaixo do do México, Panamá e Turquia, e onde os direitos fundamentais dos cidadãos praticamente inexistem na prática pode mesmo ser considerado rico e civilizado?

Isso é só uma amostra das infelicidades que este jornalista escreve. Oxalá se corrija, e pare de publicar tantos erros tão grosseiros.

Leituras Virtuais 4

A verdade é politicamente incorreta
O Pe. Francisco Faus fala sobre divórcio, seus efeitos nos filhos e felicidade familiar.

Portugal Moderno
Uma divertida sátira de Miguel de Sousa Tavares à modernização de Portugal.

A filosofia não existe para valorizar coisas
Pedro Sette-Câmara trata da finalidade da filosofia.

A política e seus dilemas

De um lado, creio que as pessoas devem ser livres para fazer o que quiserem sem ser imediatamente reprimidas, desde que não pratiquem violência física contra outros (se há outros tipos de violência, devem ser reprimidos após um processo judicial, não no ato). De outro lado, vejo que a autonomia do eu é uma das quimeras mais imbecis (sobretudo no caso daqueles que se preocupam em celebrar essa suposta autonomia), e que remover tabus equivale a abrir a caixa de Pandora.

O texto de Pedro Sette-Câmara do passado domingo, Os dilemas políticos, foi para mim uma grata surpresa. Isto ocorreu-me por se tratar da colocação genuína de problemas políticos ao nível de uma reflexão séria, e não apenas como reforço e apologia de posições previamente adoptadas.

Não concebo como alguém que se interesse mais a fundo pela política (isto é, que não considere como política apenas o que sai publicado na mídia) não tenha dilemas congêneres aos de Pedro Sette-Câmara. Para essas pessoas, pensar o político não tem nada a ver com ter para já respostas prontas e simples capazes de atender às complexidades dos temas políticos. É inevitável se defrontarem com tensões, contradições e dificuldades, como, por exemplo a tensão entre liberdade e autoridade; a legitimação do poder; as relações entre democracia e liberdade; a melhor forma de governo e o melhor regime; relações entre política e direito; a tensão entre o ser e o dever ser; etc.

Já passei por estas tensões. Não as eliminei e nem creio que o farei, em definitivo, algum dia. Já tive uma postura mais militante, já fui simpatizante do integralismo (por um breve período, há quase 10 anos atrás), ao mesmo tempo em que flertava com o conservadorismo e o liberalismo; adepto do anarco-capitalismo/libertarianismo tempos depois (minha última utopia, poderia talvez dizer, também passageira). Actualmente, creio estar mais estabilizado num conservadorismo com tempero liberal. Isso, porém, não me fecha à reflexão e investigação sobre a política. Defendo minhas ideias, mas não com a rigidez com que fazia há alguns anos, pois estou ciente que ainda teho muito o que aprender sobre política, e tenho ainda muitas questões não respondidas, como as seguintes:

1-Qual é exatamente a natureza do poder?
2-Quais as relações entre Política e Direito?
3-Existe alguma forma de governo superior em si? Se sim, qual é ela?
4- Existe algum sistema de governo superior em si? Se sim, qual é ele?
5-Quais os sistema e forma de governo ideais para o Brasil?
6-O federalismo é de facto viável no Brasil? Nosso país manter-se-ia numa estrutura mais descentralizada?
7-Como evitar que democracia degenere em demagogia e regime de massas?

Há muito mais questões por responder, que poderiam ser aqui expostas de modo mais ordenado mas, por ora, ficam apenas estas, a título de exemplos. Isso tudo merece ser tratado com mais propriedade e pormenor noutra altura.
É muito bom que o Pedro Sette-Câmara tenha consciência da importãncia destas questões, e queira realmente refletir sobre elas. Irá aperfeiçoar-se intelectualmente, certamente. Mas, á guisa de conclusão, creio poder fechar com ele quando diz, no último parágrafo do texto,

De um lado, vejo que é difícil não pensar nesses dilemas. De outro, intuo que é fútil pensar neles. Se há uma vida eterna, só nos resta tentar ser bons e fazer o possível para não sujar muito as mãos de sangue.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Libertários de todo o Brasil, amadurecei-vos!

Às vezes tenho surpresas deveras agradáveis na internet.

Há mais de 3 anos, parei de acompnhar os artigos de Rodrigo Constantino, por ocasião da famosa (pelo menos para internautas e orkutianos interessados nessas pessoas) polêmica deste com Olavo de Carvalho, no início de 2007. Pela altura eu lia Prisioneiros da Liberdade, o primeiro livro de Constantino e o achei bastante fraco, abaixo das minhas expectativas. Foi aí que o excluí do meu rol de leituras virtuais confiáveis, exclusão essa que só se reforçou em outros debates bastante desagradáveis que tive com ele depois.

Pois bem, eis que, ontem, como que por acaso, calhou de eu me deparar com seu artigo Brincadeira de criança ou partido de verdade? . E qual não foi minha surpresa ao constatar que o artigo está ótimo! É um desabafo sobre os erros do incipiente movimento libertário brasileiro. Vamos a este fragmento:


O principal ponto de desilusão foi a postura de alguns membros. Não pude evitar a conclusão de que, para estes, o projeto não passa muito de um grito de revolta, de uma rebeldia juvenil, até mesmo de uma brincadeira de criança. Se o objetivo é criar um partido sério que poderá fazer alguma diferença num futuro próximo, então a postura dessas pessoas vai à contramão da meta almejada. O simplismo na defesa de certos pontos extremamente radicais é gritante, a arrogância com que temas complexos são tratados é assustadora, e a intolerância com discordâncias é dogmática.

O modus operandi deles funciona mais ou menos assim: se você não é um anarco-capitalista, então ou não leu os livros certos, ou não entendeu o que leu, ou então entendeu, mas odeia a liberdade. Em suma, ou você é ignorante ou desonesto e autoritário. E o mais espantoso de tudo é que tal postura se dá entre libertários! Basta discordar de uma vírgula, e você logo passa a ser um “socialista”. Fica a nítida impressão de que essas pessoas, na maioria dos casos jovens demais, querem apenas embarcar numa cruzada moral, onde se colocam como os únicos defensores verdadeiros da liberdade. Não há respeito genuíno por aqueles que conhecem os principais argumentos, mas discordam de alguns deles. Esta postura é típica de seitas fechadas e fanáticas.



Aí ele faz uma referência ao que viu no Liber, um partido (ou antipartido, whatever) libertário fundado recentemente, e que se anuncia como a promessa política do libertarianismo brasileiro. Eu não vi os debates que Constantino, nem acompanho esse pessoal para poder dizer que o que Constantino diz é verídico, mas confio em seu depoimento por já ter presenciado factos bastante semelhantes entre libertários. Para resumir a conversa (que poderia consumir ainda muito espaço), muitos libertários fazem uma concepção totalmente abstracta da liberdade, da política e da economia e, em seguida, não admitem que a realidade não possa ser exatamente assim. Não aceitam menos do que suas utopias, bem como mostram bem pouco interesse em saber como as coisas funcionam ou funcionariam na realidade. Falta-lhes senso prático. E quando ouvem objecções, já chamam o interlocutor de "socialista", "autoritário", "inimigo da liberdade" - como se a liberdade tivesse nascido com eles ou fosse impossível sem eles.


Apenas a titulo de ilustração, alguns exemplos merecem ser destacados, para mostrar até onde pode ir a “tirania da visão” quando falta o mínimo de bom senso. Se há estado, então há escravidão. A liberdade significa ausência de estado. Logo, os suíços são apenas escravos, e os somalis vivem livremente, pois o estado foi abolido. Se o governo americano tem bombas atômicas, então por que a teocracia iraniana não pode ter também? O PT e o PSDB são ambos socialistas, logo, não há diferença alguma entre ambos, e não passa de “paranóia de direita” falar em golpismo autoritário dos petistas. O estado é ilegítimo, logo, atacar um policial que tenta evitar que você ande armado nas ruas é legítima defesa. Toda troca voluntária deve ser aplaudida (não apenas tolerada), logo, o vendedor de crack é praticamente um herói. Tudo que vem do estado é fruto do roubo, logo, o calote da dívida pública seria uma medida louvável. E o grau de bizarrices só aumenta.

Constantino ilustrou bem o grau de alienação da realidade de vários libertários patrícios. Posso afirmar que já vi as tais bizarrices citadas, e por isso dou fé deste depoimento. Cabe registrar que o prórpio Constantino já foi autor de bizarrices semelhantes noutras ocasiões. Estaria o economista a ser contraditório? Talvez, mas aposto antes que ele esteja melhorando. Que assim seja!

Que os libertários brasileiros leiam e meditem sobre este artigo. Será uma ótima oportunidade para amadurecerem e se corrigirem. Se o fizerem, só terão a ganhar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Há 10 dias comentei que completava-se 1 ano de minha estadia no Brasil. Tenho reflectido um pouco sobre isso. Eu desembarquei mais com o propósito de emendar certas coisas em minha vida do que encontrar novidades. E o que se passou?

Aconteceu que houve mais novidades do que imaginei: algumas pessoas cuja distância me incomodava hoje continuam, de certa forma, distantes, mas isso já pouco me afeta. Não esperava fazer amizades, mesmo pequenas amizades, e fiz algumas bem grandes; encontrei mais perto de mim pessoas com interesses e objectivos semelhantes aos meus (e olha que eu achava que isso só existia longe daqui); redefini objectivos de vida; descobri uma UFC mais interessante e melhor do que eu imaginava; comecei a participar de encontros religiosos que só irão acrescentar na minha vida; além de ter convivido mais e melhor com minha família e ter conhecido uma mulher fantástica, mas sobre a qual não vou falar agora. É, isso mesmo: como o Mano Menezes, eu não minto, mas algumas coisas eu omito.

E o que vim emendar? Bom, já resolvi em parte o que tinha por resolver. O resto só pode ser feito no futuro e, com a graça de Deus, tudo correrá bem. Nos braços Dele entrego meu destino.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Book Review: "O Senhor Ventura", de Miguel Torga



Terminei hoje de reler O Senhor Ventura, excelente novela do escritor português Miguel Torga. E por gostar tanto do livro é que quero fazer aqui uma resenha sobre o mesmo.

Miguel Torga usa frequentemente em suas obras as imagens de um Portugal rural, onde a faina diária dos homens para a subsistência está presente e compõe um dos elementos essenciais da narrativa. Os diversos elementos agrários – a semente, a terra, a colheita, o pão, a água, o trabalho- são, em sua prosa, imagens radiantes de vida que, escritos num estilo lírico e contido (Torga é um mestre em resumir numa frase o que outros escritores levariam várias delas para dizer o que querem) fazem o que talvez seja uma das obras mais interessantes da literatura portuguesa do século XX.

E tais características estão presentes também em O Senhor Ventura, apesar de aqui a acção se passar, quase toda ela, fora de Portugal. O livro traz-nos a biografia de um alentejano de Penedono, desde cedo acostumado a dura luta pela sobrevivência nos campos do Sr. Gaudêncio, guardando o gado. Aos 20 anos de idade, é mandado pela família à Lisboa, para o serviço militar.

Na tropa, o moço forte e entroncado do Alentejo conquista o respeito de seus pares, e acaba por ser destacado para servir na colónia portuguesa de Macau. Lá conhece Júlia, a filha do secretário do Governador, com quem começa a ter um caso. O pai da moça não gosta da situação e vai reclamar ao comandante do regimento para que impeça o soldado de encontrar Júlia furtuvamente à noite. Mas de nada adianta, já que Ventura consegue fugir do quartel para se encontrar com a moça, mas apenas para dizer “não sou forma para eu pé”. E a deixa.

É o início de uma vida de aventuras pela China adentro, onde ganha a vida, ora com um amigo cozinheiro (que acaba por morrer de uma forte febre), ora prestando serviços nem sempre lícitos, como operário de fábrica; condutor de uma caravana para fazer uma entrega de caminhões no Deserto de Gobi, região deveras árida e perigosa, no meio de um conflito armado; biscates; máquinas automáticas de jogo; e, por fim, produção e tráfico de heroína. Este último negócio foi de todos o que lhe correu pior: logo foi apanhado pela polícia, preso mas, por ser estrangeiro e devido à intervenção do cônsul português, escapou à prisão e a uma possível condenação à morte na China. É, no entanto, obrigado a repatriar-se. E deste desfecho deixa para trás seus bens, seu filho e pequeno e Tatiana, uma russa com quem se casara num ímpeto irrefectido e com quem vivia um relacionamento bastante conturbado.

De volta ao seu Alentejo natal, o senhor Ventura luta para arrecadar uma fortuna considerável numa herdade que arrenda de seu antigo patrão, Gaudêncio. São 5 anos de uma peleja duríssima contra um solo e um clima hostis aos seus projectos, pugna essa entrecortada pelo desejo de rever o filho e a esposas que pela terra de Confúcio ficaram. As lembranças amargas de Tatiana vão-se, com o tempo, desvanecendo, embora a russa muito pouco lhe escreva e, quando o faz, faz de forma lacónica.

Ao cabo dos 5 anos, o senhor Ventura prepara-se para voltar à China quando recebe uma carta dizendo que Sergio, seu filho, está em Lisboa com o senhor Francisco Gomes um antigo amanuense da legação portuguesa naquele país que voltava a sua terra para reformar-se e que era conhecido do senhor Ventura havia anos.

Ao buscar o filho na casa do antigo conhecido, o senhor Ventura fica a saber que depois de ter partido para Portugal, Tatiana envolveu-se com outros homens e vivia de gastar a fortuna que Ventura a muito custo acumulou. Agora seu paradeiro era ignorado por seus antigos conhecidos mas, quando a guerra na China se mostrava mais iminente, buscou a legação para saber como enviar logo seu filho a Portugal.

Com isto, o senhor Ventura deixa o pequeno Sergio no Colégio de Santo António, na capital portuguesa, para que fosse instruído na língua de Camões e por lá habitasse enquanto o pai percorria a China atrás da esposa adúltera, motivado por um misto de ódio, amor e desejo de ver e ouvir por si próprio o que ela tinha a dizer sobre o que se passara.

Foi em vão sua nova epopéia chinesa. Serviu-lhe apenas para passar por dificuldades financeiras, fome, cansaço e decepção. Para piorar, caíra hospitalizado devido a um cancro que tinha há tempos. Só aí pôde ver Tatiana, já no leito hospitalar. E assim morreu.

Enquanto isso, em Lisboa, Sergio teve de abandonar o Colégio de Santo António por falta de pagamento. Gaudêncio apieda-se do menino e o leva para ser pastor de suas ovelhas em sua herdade no Alentejo. E aí, claramente, inicia-se um novo ciclo quando o antigo se fecha: o filho inicia-se na antiga profissão do pai, quando este falece no Celeste Império.

A figura do protagonista é o triunfo da vontade, da sede de aventuras de um português deslocado da época em que nasceu, mas que estava em grande sintonia com o Portugal dos Descobrimentos, aquele que era inquieto e ansioso por descobrir novas terras e povos, que agora parecia capaz apenas de olhar-se a si mesmo e tristemente resignar-se com a pequenez a que se reduzira (e que, nos dias que correm, não parece aspirar a ser mais do que uma boa província da União Europeia no possível futuro Estados Unidos da Europa). É uma história de aventura, picardia, luta, paixão, mas também de ternura e humanidade.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Meu texto recente sobre Olavo de Carvalho foi publicado no Mídia sem Máscara. Fiquei muito feliz com isso. O MSM é um site informativo de grande credibilidade, o melhor jornal eletrônico do Brasil. Merece visitas frequentes.
Mais uma vez, obrigado pela publicação, Edson!