sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Lustosa da Costa

Leio o Diário do Nordeste todos os dias e, honestamente, não consigo gostar do que o jornalista Lustosa da Costa escreve. Julgo-o demasiado superficial, além de ser um defensor ferrenho de Lula e cia. (eca!). O cronista pode até ter algum talento ao falar sobre miudezas sobralenses, mas isso não o qualifica a opinar mais do que sobre isso mesmo: miudezas sobralenses. Seguem trechos de um de seus infelizes artigos:

Guerra é necessária

as grandes potências querem a guerra para expandir seus domínios, para conquistar fontes de riqueza e para fazer seus negócios. Tem sido assim desde a antiguidade, passando por Hitler, até os dois Bushs. Vai continuar a sê-lo com Barack Obama, este negro de alma branca. Hoje, as maiores nações e, em especial, a superpotência decadente dos Estados Unidos amam a guerra sobre todas as coisas.


1)“as grandes potências querem a guerra para expandir seus domínios, para conquistar fontes de riqueza e para fazer seus negócios”. Mas como isso é possível, se uma guerra é, do ponto de vista comercial, um fator altamente problemático e que pode mesmo inviabilizar o comércio? Será que o jornalista ainda vive no século XIX, onde se faziam guerras de conquistas e se colonizavam territórios?

2)Ademais basicamente os EUA foram a única grande potência que se tem metido em guerras nos últimos anos. Ou será que Lustosa da Costa já se esqueceu da forte oposição da maioria das nações européias à empreitada militar americana no Iraque?

3)“Vai continuar a sê-lo com Barack Obama, este negro de alma branca”. O que raios isso quer dizer? Que a alma tem cor e raça? Que se Obama tivesse “alma negra” 8seja lá o que isso for) seria um presidente melhor? Acaso Lustosa da Costa - o branco Lustosa da Costa- crê que os brancos são jingoístas incorrigíveis e os negros, os grandes pacifistas?

4)“Hoje, as maiores nações e, em especial, a superpotência decadente dos Estados Unidos amam a guerra sobre todas as coisas”. Ué, então por que a maioria das nações não está em guerra?

5)Faltou, claro, o jornalista explicar porque os EUA seriam uma “superpotência decadente”.

Iraque

Eles a fizeram para tomar o petróleo do Iraque sob a alegação de que queriam implantar, ali, a democracia. Descobriram riquezas naturais no Afeganistão e estão delas querendo se apoderar. Em guerra ou paz com os talibãs. Também estimulam a guerra para vender seus produtos aos dois contendores. Por isso, encorajam conflitos da Colômbia com a Venezuela. Sempre falando em democracia.


1)Pelo visto, o colunista ignora os postulados ideológicos do movimento neoconservador, que muito influenciou a Administração Bush. Essa corrente política, que atualmente constitui um segmento importante do Partido Republicano, acredita que os EUA têm algo como uma “missão salvadora” para o resto da humanidade: a revolução democrática internacional. Crêem que é vital para os EUA que o mundo se torne um mundo de governos democráticos, e que a democracia americana é exportável a todos os povos. É um tema deveras interessante e que não pode ser abordado por nenhum Lustosa da Costa da vida – está acima de sua capacidade. Para quem quiser entender um pouco mais sobre o projecto neoconservador (movimento de raízes trotskistas, diga-se de passagem), é bom conferir um de seus principais sites, o Project for the New American Century.

2) Se os americanos querem “se apoderar” do Afeganistão, por que têm planos de retirada total do país, planos esses já bastante endossados por Obama?

3) De onde ele tirou que o conflito entre Colômbia e Venezuela é de origem ianque? Provavelmente de sua idéia fixa esquerdista que vê os EUA como uma espécie de demiurgo que guia os acontecimentos internacionais – sempre para o mal, isto é, para seus próprios interesses, é claro. Será que ele ignora que os governos desses 2 países representam projectos totalmente opostos e inconciliáveis?


Só mercenários

o governo de Barack Obama anuncia o fim da ação militar no Iraque mas seu Exército lá permanece, tanto o oficial quanto os milhões de mercenários regiamente pagos para matar árabes e afegãos. Não pensem que os Estados Unidos vão deixar de fazer a guerra. O establishment precisa dela para dinamizar a economia. Eles pensam em invadir o Irã, país rico e civilizado. Se vão incendiar o Oriente Médio, hão de verificar que a ocupação do Irã não será um piquenique como a do Iraque. Os americanos, que não têm tradição, querem destruir o rastro das primeiras civilizações do mundo.



1) Ele por acaso pensa o quê? Que se pode tirar todo o contingente americano de lá sem problemas para ninguém, inclusive para a população local? Acha ele por acaso que a ordem se ia instalar ali espontaneamente? O que aconteceria, isso sim, seria a anomia, a desordem e a reorganização dos insurgentes. Pensar o contrário é ter uma visão muito romântica e simplista do que se passa ali.

2) Sem a guerra e o nation building ianques (que os libertários costumam chamar de socialismo) os EUA não teriam gasto uma fortuna gigantesca que já passa dos 700 bilhões de dólares e poderiam investir esse capital no próprio país. A intervenção no Iraque, aliás, já foi apontada como uma das causas pelas quais a economia americana não vai melhor.

3)Irã, rico e civilizado??? Um país com uma das economias menos livres do mundo, cuja mesma economia foi coniderada pela ONU como semidesenvolvida, no qual os direitos de propriedade são muito mal guarnecidos, com uma corrupção altíssima, os investimentos externos são hostilizados, a inflação passa dos 9%, com um PIB per capita abaixo do do México, Panamá e Turquia, e onde os direitos fundamentais dos cidadãos praticamente inexistem na prática pode mesmo ser considerado rico e civilizado?

Isso é só uma amostra das infelicidades que este jornalista escreve. Oxalá se corrija, e pare de publicar tantos erros tão grosseiros.

Sem comentários: