terça-feira, 16 de agosto de 2011

Velha infância

(Crônica)

Ontem fui ao meu antigo prédio em busca de algumas possíveis correspondências, pois, apesar de de lá já termos saído há quase 9 anos, ainda há quem mande cartas para aquela antiga morada, como se por lá ainda vivêssemos.

Como sempre, fui acompanhando meu pai, pois dali íamos almoçar em algum lugar (ontem foi feriado municipal em Fortaleza, o dia de nossa padroeira, e não queríamos fazer almoço nem havia nada feito). Enquanto ele esperava que o porteiro, que já trabalhava por lá anos antes da nossa mudança, encontrasse alguma coisa, reparei na estrutura física do prédio.

É um edifício bastante antigo, smples, pobre até. Tem apenas 6 andares e só um elevador. Nada de salão de festas, piscina ou mesmo jardim. Não tem qualquer luxo, apesar de terem sido feitas melhorias depois de que nós, isto é, minha família, saímos dali.

No entanto, aquile edifício me fascinava. Eu estava curioso por tudo, prestava atenção em cada detalhe das paredes, das portas, das janelas, das colunas, da fachada e onde mais pudesse pôr o olhar. Atentei também para as feições já um tanto envelhecidas do porteiro.

E por que isso? Por pura nostalgia, desejo de rever, de revisitar aquela velha e tão querida infância, talvez a parte mais feliz da minha vida. Em cada detalhe do que observava buscava retirar da memória mas também, misteriosamente, do ambiente físico, as recordações de todas aquelas brincadeiras, de todas aquelas vivências, destes belos e ternos momentos que não voltam mais. Os brinquedos, os amigos, os amigos dos amigos, as pessoas que iam e voltavam, as manhãs de férias, as “molecagens” até o fim da tarde… sim, o prédio podia ser velho e bem pobrezinho, mas eu fui muito feliz ali. Isso é inegável e tem o seu valor.

Ao fim, o porteiro disse-nos que, doa moradores antigos, só uns 3 ainda por lá estão. Três sobreviventes de uma época boa, que me deixam muitas saudades.

Fui embora, mas levei comigo essa nostalgia que há muito se abateu sobre mim e tão cedo não pretende abandonar-me.

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