domingo, 13 de fevereiro de 2011

A Confissão e o Escrevinhador

É cada coisa que se publica na internet! Cada maluco que resolve abrir a boca para falar besteira, principalmente por estar resguardado pela virtualidade do meio!

A imprensa fabricou certa “polêmica” – digamos que tenha sido uma – sobre a possível permissão do Vaticano para que os fiéis católicos possam se confessar através de um aplicativo do iPhone, da Apple. O Vaticano já desmentiu isso, afirmando que a confissão deve ser física, entre o fiel e o sacerdote, e que confissões virtuais são inválidas. É claro que a tal “polêmica” deveria acabar aí, por clara vacuidade.

Pois bem: com sua irrefreável propensão para falar besteiras, Janer Cristaldo publicou, na quinta-feira, um artigo estúpido que não tem qualquer outra finalidade a não ser agredir a Santa Madre Igreja. Dentre as sandices, destaco a seguinte:

Embora os católicos, de modo geral, há muito não se confessem, duvido que a Igreja renuncie a esse formidável instrumento de humilhação do ser humano. No confessionário, todo católico – este animal em perigo de extinção – se ajoelha ante o padre e admite espontaneamente pecados que nem acredita que sejam pecados, a um tirano que exerce com prazer sua tirania. Desconheço sacerdote que renuncie ao poder do qual se imbui.

1)Bobagem dizer que “católicos não mais se confessam”. Quem conhece meios mais pios sabe muito bem que é exatamente o contrário disso. Não raro nesses meios pessoas se programam para confessar-se, pelo menos 1 vez ao mês e conheço quem se confesse todas as semanas. Certa vez, meu padre em Coimbra me disse que já viu, na Sé Velha daquela cidade, gente fazer fila para se confessar. Cristaldo está falando dos católicos de sua imaginação, que não coincidem exatamente com os reais;

2)Católicos estão em extinção??? Acaso o parvo ex-jornalista desconhece a expansão da Igreja na África, na Ásia e nos EUA? Provavelmente sim, já que esses lugares não ficam na Europa;

3)“Formidável instrumento de humilhação do ser humano”??? Bom, para pessoas inchadas de orgulho, que imaginam que “estar em paz com a própria consciência” é a maior garantia de bondade moral de seus actos, realmente, reconhecer-se pecador é “humilhante”. Pior: reconhecer-se cheio de pecados diante de outro homem e pedir a Deus o perdão desses mesmos pecados. O homem que ouve e dar conselhos ao fiel caído – o sacerdote – perdoa porque Deus o perdoou. Ao contrário do que diz Janer, ninguém confessa pecados quando não crê que os cometeu, o que corrobora a suspeita que cogitei no final do ponto 1;

4)De qual tirania ele fala? De ouvir pacientemente as misérias de um homem e dar-lhe conselhos para se recuperar delas? De sofrer dos males dos outros? De auxiliar alguém a crescer em graça? De perdoar os pecados dos outros? Que raios de tirania é essa? Será que Janer Cristaldo sequer sabe o que é uma tirania?

5)Se ele conhece mesmo teologia - ele se imagina uma autoridade no assunto, embora só o seja de facto para si mesmo e para uns 3 ou 4 gatos pingados – sabe que o exercício do sacramento da penitência e reconciliação não é autoatribuido, mas foi concedido por Jesus Cristo aos seus apóstolos (Jo 20, 21-23) e destes aos sacerdotes, por serem seus sucessores. Ainda assim, não é qualquer sacerdote a quem o bispo confere esse poder, pois “o ministro desse sacramento deve unir~se à intenção e á caridade de Cristo. Deve possuir um comprovado conhecimento do comportamento cristão, experiência das coisas humanas, respeito e delicadeza diante daquele que caiu; deve amar a verdade, ser fiel ao magistério da Igreja e conduzir, com paciência, o penitente à cura e á plena maturidade. Deve orar e fazer penitência por ele, confiando-o à misericórdia do Senhor.” (Catecismo da Igreja Católica, nº 1466). Pois é, as coisas são bem diferentes de como diz Janer Cristaldo.

Cuidado com os palpiteiros desqualificados e maliciosos que pululam na internet!

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