terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Império Romano é a Europa, e outras doidices

Eu devo mesmo ter algo de masoquista, para ainda ler bobagens como essas, escritas por Lustosa da Costa hoje, no DN:

Desde os tempos de Cleópatra, Roma e, por conseguinte, a Europa, exploram os egípcios. A tirania, derrubada pelo povo, foi sustentada pelos Estados Unidos e por Israel para se manter obediente a ambos. Agora, os americanos só admitem uma democracia, que se comprometa a defender os interesses ianques e sionistas. Senão, o país passará a ser considerado terrorista como o Iraque e o Irã, mesmo que, no seu caso, não tenha petróleo.

1)Desde quando na Antiguidade havia o conceito de “Europa”? Havia sim o de Império Romano, que dominou boa parte da Europa. Os povos então não eram “europeus”, mas sim latinos, germânicos, celtas, iberos, lusitanos, etc. Confundir a dominação romana com imperialismo europeu é coisa de ignorante em História;

2)Se a ditadura de Mubarak foi de facto “derrubada pelo povo” é algo que ainda cabe verificar pois, a rigor, não existem “revoluções populares”, segundo o ex-agente da KGB, Yuri Bezmenov. Toda revolução é provocada por lideranças específicas que usam, muitas vezes, o povo como fachada;

3)Egito obediente? Ser aliado dos EUA e de Israel é ser obediente? Curioso raciocínio. Além disso, falta ao articulista explicar por que raios países devem receber com a maior indiferença a notícia de que um país aliado pode se tornar seu inimigo, ainda mais um inimigo mortal, devido à mudanças políticas.

Da mesma maneira que Venezuela não é considerado país democrático porque não se porta de maneira subserviente diante de Washington. É o imperialismo americano que tenta continuar a mandar no mundo e recolher as riquezas da maioria em seu benefício.

Ué, como pode ser considerado democrático um país cujo governante já modificou a Constituição várias vezes em proveito próprio, persegue opositores, atenta gravemente contra a liberdade de imprensa e já declarou que seu objetivo é criar um regime socialista nos moldes de Cuba e da URSS? Por que Lustosa da Costa não prova o contrário?

Escravos, sim

O governo fascista e corrupto da Itália quer impedir que tunísios, sempre explorados pelos romanos, ingressem no país. Como escravos, podiam entrar. Como candidatos a trabalhadores, com direitos garantidos, não. É visão europeia e imperialista dos europeus.


Descontando o facto de que o governo brasileiro é, tradicionalmente mais corrupto do que o italiano, observemos:

1)Quer dizer que os italianos de hoje devem ser cobrados pelos actos dos romanos da Antiguidade? O articulista, que no Ceará parece ter fama de muito culto, não sabe a diferença entre a Itália e a Roma Antiga, bem como a existente entre Cartago e seus arredores e a moderna Tunísia?

2)Quem disse que os tunisianos querem entrar “como candidatos a trabalhadores, com direitos garantidos”? Querem entrar como refugiados por razões humanitárias. A Itália e a EU têm toda razão em ficar apreensivos com a entrada massiva desses estrangeiros, que podem muito bem se transformar em imigrantes ilegais, com todos os problemas implicantes já conhecidos. Exceto por Lustosa da Costa, ao que parece;

3)Cadê o tal “fascismo” no actual gverno italiano? O articulista aí só faz seguir a radição – inventada pela esquerda – de rotular de “fascista” aquilo de que não goste. É a corrupçao da linguagem, o primeiro mal provocado por ideologias;

4)Caso não tenha reparado, a visão dos europeus é, necessariamente, europeia. Tautologia aí.

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